segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

UMA MULHER GUERREIRA

Neste mês de janeiro, minha mãe, Verônica Guesser Petry, completou 74 anos. Compartilho um texto que li no seu aniversário de 70 anos.
UMA MULHER GUERREIRA. Hoje parece dia de estréia de teatro. O nervosismo é grande. A emoção também. Desde que decidimos fazer esta homenagem para nossa mãe, ficava pensando o que poderíamos fazer. Resolvemos fazer isto. Vou tentar resumir 70 anos em algumas palavras. Verônica vem do grego e significa portadora da Vitória. Significa também honestidade. Na bíblia é a pessoa que enxuga o rosto de Jesus e acalma seu sofrimento. Na numerologia Verônica é o número 6 que representa energia para harmonizar, ajudar e prestar serviços e quer viver num ambiente agradável, acolhedor, com luz e harmonia. Verônica Guesser nasceu em Massaranduba/SC no dia 24 de janeiro de 1938. É do signo de Aquário. O mapa astral do seu nascimento diz que Verônica é otimista, alegre e ama a vida. Verônica nasceu no horóscopo chinês no ano do Boi. Este signo representa a prosperidade, paciência e muita vontade de trabalhar. Uma pessoa decidida, de caráter firme, leal e de muita responsabilidade. Verônica teve mais 11 irmãos e desde cedo trabalhava muito. Sua vida em Massarandubinha não foi fácil. Estudou na Escola apenas 2 anos, mas na vida aprendeu muitas coisas que não se compreende na sala de aula. Era inteligente e captava muito rápido o que a professora ensinava. Foi na escola que Verônica conheceu o Albano, seu marido. É, a Verônica gostava de dar uns tapinhas, ou sombrinhadazinhas no seu paquera, Albano, quando este a incomodava. Algumas filhas adquiriram o mesmo hábito. Aos 20 anos, Verônica casa com Albano no dia 18 de janeiro de 1958. Somando esta data dá o número 6. Este ano estaria completando 50 anos de casada, mas o destino lhe reservou outros desafios. Depois do casamento, logo em seguida já engravidou e no mesmo ano já veio à primeira filha, a Isabel. Quase um ano depois veio a Mariana, depois o Carlos, a Irene, o Silvano, o Vítor, o Marcos, a Lúcia, o Lucas, a Marlene, o Mário, a Lucir, a Leonir, o Cristóvão e o 15º filho, o Emídio. Os nomes quase sempre eram escolhidos pelo Albano e geralmente tinham associação com algum santo do dia. É isso mesmo – 15 filhos. Todos de parto normal e apenas dois nasceram na maternidade. Alguns inclusive nasceram antes da parteira chegar. 1+ 5 dá 6 que o mesmo número do nome Verônica que já mencionei aqui. Na história da Verônica existiram 3 morros. O primeiro foi o morro onde ela nasceu e morou até os vinte anos em Massarandubinha. Depois quando casou com o Albano, veio o morro do sítio. E em Joinville, o morro aqui do lado. Morar num morro significa que muitas vezes a gente vai ter que descer e subir na vida, mas também ajuda a enxergar mais longe, a olhar melhor o horizonte, a estar mais perto da lua e das estrelas, porque não dizer, mais perto de Deus. Verônica saiu do seu primeiro morro e foi para o segundo ao lado do Albano e do segundo para o terceiro, agora com toda a sua família. Verônica ainda se lembra que logo após seu casamento, ia com o Albano e ficava a semana inteira no sítio trabalhando e dormia num barraco de ripa com o marido. Para poder lavar os pés, cortavam uma abóbora que servia como uma bacia. Boa parte da vida de Verônica Guesser Petry foi trabalhando na roça, pois no sitio plantavam arroz, cana, milho, banana. Faziam farinha e cachaça e ainda tinham a criação de animais como porcos, vacas, galinhas. Verônica também aprendeu a costurar. Fez um curso rápido de 2 meses e costurava a roupa de sua família aproveitando tudo que dava. Qualquer paninho virava roupa. As fraldas das crianças fazia com capas de coberta e lençol. Quando a calça do marido rasgava, ela aproveitava e fazia dela calças para os filhos. Os irmãos iam crescendo e passando a roupa para os menores. Além disso, ainda costurava para fora. Fez quase 10 vestidos de noiva. Ainda tinha que cozinhar, lavar, limpar. Ah, tinha também que cuidar e educar os filhos e dar atenção para o marido. UMA SUPER MULHER a Verônica. Como ela conseguia fazer tudo isso, eu não sei, mas ela dava um jeito. No começo precisava deixar os filhos fechados em casa para ir buscar o alimento na roça. Depois com o tempo teve ajuda de parentes e os filhos mais velhos tiveram que aprender e ajudar a cuidar dos irmãos menores. Os poucos momentos de lazer da família eram os casamentos. Mas também dava trabalho, pois tinha que levar a família toda. Então tinha que arrumar todos os filhos e geralmente iam de cavalo com aqueles balaios do lado para levar os filhos ou com carro de boi. Nesta casa Verônica casou alguns filhos. Uma vez a Verônica e o Albano foram passear em Jaraguá com uma lambreta da família. Era para visitar um parente que morava no alto de um morro (olha o morro aqui de novo). Quando o Albano chega na casa do parente, cadê a Verônica? Ela estava subindo o morro a pé. Ela tinha caído da lambreta e o Albano nem tinha percebido. Deve ter sido muito engraçado. Quando os filhos começaram a crescer e Massarandubinha não tinha escola de 2º grau, o marido Albano percebeu que precisava mudar de cidade e encontrar uma em que seus filhos pudessem estudar. Vieram para Joinville, aqui no Itinga. Foi em 1975. Somando 1975 chegamos ao número 4 – Energia para organizar, trabalhar e produzir. Primeiro veio o Albano que ficou um ano por aqui e voltava aos finais de semana para Massaranduba. A Verônica ficou no sítio com os 15 filhos plantando, lavando, cozinhando, costurando e rezando. Sim, com certeza Verônica rezou muito para acordar todo dia manhã e continuar a plantar, cozinhar, lavar, costurar, limpar... O Albano em Joinville criou primeiro a serraria. Depois aos poucos a família foi vindo e moravam numa casinha branca do terreno. Todos dormiam amontoados lá. Em seguida construiu esta casa e em 1977 a família toda já morava aqui. Aqui em Joinville, os filhos e filhas ajudavam na serraria, mas a família tinha a roça, vacas, porcos. Então todo mundo tinha que trabalhar. Da Serraria saíram às madeiras para construção da Igreja católica do bairro. Aqui ao lado da casa, ainda foi criado uma área de lazer com campo de futebol e cancha de bocha. Foi criado ainda a Marcenaria Petry. Um dia uma tempestade derrubou todo o telhado da Marcenaria, mas telhado a gente constrói de novo. Verônica era uma ótima cozinheira. Era não, ainda é. Chegava a fazer nos sábado 20 pães e 7 cucas. No sábado ela fazia o delicioso pão de trigo, que era para comer no domingo. Durante a semana a gente comia o pão de milho. No sábado também sacrificava umas galinhas, porque galinha era só para domingo. O domingo era esperado por todos, principalmente por causa da comida – maionese, galinha recheada e ainda sobremesa, pudim, sagu. Os filhos estão quase toda semana vindo comer as cucas no sábado de manhã, ou almoçar. É difícil resistir ao pão com nata, rosca, cuca... Quando os filhos ficavam doentes, fazia pudim e dava bala, pirulito, sempre muito preocupada. No natal, fazia latas e latas de doce. Os filhos não podiam ficar em casa porque o Crisquinte estava lá. Durante anos acreditamos que aquilo era verdade e que o barulho da cigarra era o Crisquinte cortando madeira para fazer os brinquedos. Verônica também estimulou a imaginação. Verônica ficou casada em vida com o Albano 27 anos, quando o destino levou seu marido. Era março de 1985. As sirenes choraram neste dia. Verônica Guesser Petry continuou (nunca tirou o Guesser do seu nome). Petry na numerologia é o número 5 e traz consigo a energia para criar, desafiar, arriscar. Guesser na Numerologia é o número 4 e 4 significa trabalho. E Verônica que já trabalhava muito, tinha agora mais um desafio – continuar mantendo a família unida. Acho que a perca do marido foi mais difícil de superar do que manter a família unida, porque por trás do Albano, tinha a Verônica e a Guerreira Verônica sempre organizou muito bem as economias da casa, administrou perfeitamente os egos dos filhos, buscou sempre estar em harmonia com as pessoas, teve coragem e força para olhar o horizonte e continuar... Na verdade Verônica começou uma nova vida. Viúva, nunca pensou em casar novamente. Sua vida é seus filhos e nunca desistiu de nenhum deles. Verônica quase nunca fica doente. Acho que nunca pensou em ficar doente. O trabalho e as responsabilidades eram tão grandes que não tinha tempo para isto. O destino já levou três netos e dois filhos. Tempos tristes de sirenes altas e soluços. Tem hoje 27 netos, noras, genros e amigos. Verônica mulher de fibra que além de criar 15 filhos, criou um neto/filho e um pinto, ou melhor um sobrinho/filho que veio moram aqui em Joinvile e vive com a gente até hoje. Verônica tem alguns medos, principalmente de trovoada. Mata uma cobra, mas corre e se desespera quando vê um sapo. Diz que não gosta de cachorro, mas a vida inteira teve cachorro em casa. A cachorra Branca sempre estava junto dela, lembram? Verônica é também uma manteiga derretida. Duvido que não está chorando ao ouvir esta história que ela já sabe. Perguntada como se sente com 70 anos ela responde: Passou muito rápido, mas eu to feliz, to feliz. Principalmente pela união dos filhos. To feliz com meus filhos e eu nunca me arrependo por eles. Mãe. A gente está unido porque você é o nosso exemplo. Você é testemunha de fé e perseverança, sempre procurando harmonizar nossos ânimos. Sentimos muito orgulho de sermos seus filhos. Queria falar poucas palavras sobre essa Guerreira, mas não foi possível. Aliás, falei muito pouco e poderia falar a noite inteira, mas termino por aqui. Há outras histórias que vocês devem buscar com a homenageada ou lembrar com ela. Sobre a numerologia, mapa astral, horóscopo, apresentados aqui sobre a Verônica, não foram inventados. Pesquisei e uma pequena parte apresentei aqui. Vocês não precisam acreditar nisto. Sobre a história é diferente. A minha fonte de pesquisa foi essa MULHER chamada VERÔNICA, que eu chamo de mamãe. E mamãe é o número 6. Feliz aniversário.

Um comentário:

Prosa & Verso disse...

Pois é, nossos pais são verdadeiros heróis.