segunda-feira, 14 de novembro de 2011

SER PAI E SER FILHO


Texto lido no Dia dos Pais na Igreja Menino Jesus no Itinga, Joinville/SC.



SER PAI E SER FILHO

Minha irmã Lúcia me convidou para fazer uma mensagem para os pais, no dia dos pais. Aceitei. Faz algum tempo que não falo aqui na frente. Já fiz muitas homenagens em outros tempos.

Estranho é que quando disse sim para dar este recado, parece que tudo o que eu via, dizia respeito ao tema pai. Assisti três filmes que falavam sobre a temática. Estou lendo um livro que trata do assunto. Olho em volta e vejo muitos pais com seus filhos. Isso é bom.

Primeiro vou falar do ser filho. Muitos sabem que sou de uma família grande, 15 irmãos. Meu pai faleceu faz mais de 25 anos. Eu tinha 10 anos na época. Fico tentando me lembrar bons momentos que vivi com ele. Queria ter muitos momentos, mas ele se foi cedo demais. Vivi pouco tempo com ele.

Nas minhas pesquisas pessoais, deparei na semana passada com meus rendimentos escolares, meus boletins da escola. De 1982 a 1985 estudei na antiga Escola Lacy Flores. Aquela aqui do lado que só tem uma parede. Olhando as notas, percebi que em 1983, no segundo bimestre foi meu pai que assinou o boletim. Em todos os outros bimestres e anos, foi minha mãe que assinou. Mas quando vi a assinatura dele, me emocionei. Sim, eu tenho uma assinatura dele. Modéstia a parte, sempre fui um bom aluno. Mas no primeiro bimestre de 1983 a nota de hábitos e atitudes era 7,5 com a observação continue se esforçando. No segundo, 7,8 e Gostei do seu esforço. No terceiro bimestre, após a assinatura do pai foi 8,5 e continue assim e no quarto 9,5 parabéns, você conseguiu.

Então eu aconselho como filho: pais assinem os boletins dos filhos. É importante para eles. Assinar os boletins não significa apenas o gesto de escrever o nome, mas participar da vida deles.

Hoje parece que eu sinto mais saudades do meu pai que antigamente. E sabe por quê? Porque hoje eu sou pai também. E quando se é pai, parece que aí a gente valoriza ainda o mais quem nos criou.

Meu pai era um homem trabalhador, alegre, falava alto, gostava de ver a casa dele cheia de gente. Acho que seus filhos puxaram um pouco disso. Meu pai não dava moleza para os filhos. Lembro-me que trabalhava desde criança na serraria. E não pense que era serviço fácil. Eu lembro que geralmente o pior ficava para os filhos, pelo menos pra mim que era um dos mais novos. Trabalhava na plaina com um barulho infernal ou tirando taboa. Até as mulheres pegavam junto. Mas não sinto nenhum tipo de rancor quanto a isso. Trabalhava um período e estudava no outro. Trabalhava até nos feriados. Acho que só no domingo é que tínhamos folga. E salário, não existia. Lembro que ate picolezeiro eu fui na época.

Não vou ser um pai como ele. Os tempos mudaram, a gente é diferente, mas espero que meus filhos tenham respeito por mim, como tenho por me pai. RESPEITO. Esta é uma palavra forte. Não significa medo, mas com consideração.

Quando adolescente, li um livro chamado Uma prece para Dany Fischer. Era a história de um pai que morreu pouco depois de seu filho nascer. Durante toda a história o pai conta sua história, suas lutas diárias, suas alegrias e tristezas e pede para que o filho conheça ela, porque uma pessoa sem história não tem identidade. No final uma frase me marcou para sempre “VIVER NOS CORAÇÕES QUE FICAM NÁO É MORRER”. “VIVER NOS CORAÇÕES QUE FICAM NÁO É MORRER”. Espero fica sempre no coração de meus filhos.

Frases prontas que sempre serão verdade. Não existe ex-pai. Ter um filho é ter uma responsabilidade para sempre. Parece estranho, mas é assim. Mas também é ter um AMOR PARA SEMPRE. Não falo pelos outros, mas meu amor pelos meus filhos é incondicional.

Hoje, uma das coisas que mais me chateia é quando vejo uma criança abandonada. Um jovem abandonado. Um filho brigado com seus pais. Pode haver diferenças, mas precisa haver a compreensão. De ambos os lados. Os pais também erram. Fico pensando como pode um pai, uma mãe abandonar um filho? Como pode um filho abandonar um pai, ficar sem conversar com ele?

Eu sempre vou lembrar do nascimento dos meus filhos, também da festa é claro. Vou lembrar das vezes que acordei a noite para trocá-lo. Sim, sempre troquei as fraldas deles, deu de mamar, cantei cantigas de ninar, brinquei de cavalinho. Quer dizer ainda faço tudo isso. O tempo passa e cada fase é uma fase. Se você não aproveitar o momento, ele passará. Não quer dizer que terá que abdicar de sua vida, para viver em função dos filhos, mas que com certeza deixar de fazer algumas coisas para fazer outras. Não importa, relaxe. Viva os momentos com a família.

RESPEITO, COMPREENSÁO E AMOR. Este é o recado. São três palavras que gostaria que a gente levasse para casa.

Para encerrar convido minha família trazendo algumas lembranças do meu pai. O casaco que ele usou há mais de 30 anos atrás e o boletim do meu pai da 2. série em 1948 e o meu da 2. série que ele assinou em 1983.

PAI. Sei que um dos motivos da gente vir para Joinville morar no Itinga da década de 70 foi para que seus filhos pudessem estudar. Em Massaranduba, não havia segundo grau. Você estudou até a 2. série, mas era um homem muito sábio. E sabedoria não se aprende na escola. Eu já fiz faculdade, muitos outros filhos seus também. Boa parte dos irmãos continuam tocando a serraria. Hoje sou secretário regional, mas nada disso poderia ter acontecido se você junto com a mãe não tivessem decidido vir para Joinville. E para mim também nada disso importaria se nossa família não permanecesse unida.

A família cresceu é claro. Aqui está a Patrícia, minha esposa, o Caetano, seu último neto e a Catarina sua última neta. Por enquanto.

Obrigado comunidade Menino Jesus pela compreensão.
Aos pais presentes, felicidades. Beijem a abracem seus pais e seus filhos, sempre.
Muito obrigado.

Cristóvão Petry
Domingo, 13 de agosto de 2011.

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